"Dias de abandono": término em carne viva.
Não é possível falar de "Dias de abandono", da escritora Elena Ferrante, sem mencionar o abandono que todas as pessoas, sobretudo as mulheres, vivenciam (ou podem vivenciar) em seus relacionamentos. Desde muito pequena, vivenciei o abandono do meu pai. Mais do que ter me abandonado aos 10 meses, ele abandonou minha mãe e todos os projetos que ela tinha construído em torno desse relacionamento. Tal como Olga, personagem da narrativa de Ferrante, minha mãe passou pelo desterro do término ao descobrir que seria trocada por outra pessoa. Minha mãe tentou de tudo para se recuperar e cavou fundo, assim como Olga e muitas mulheres. Agora, esse sentimento de "mulher traída", pouco relatado, meio sem lugar, ganha uma força impressionante neste livro, que narra de forma dilacerante o sentimento de raiva, de entorpecimento, desorientação, de falta de vontade de viver e os impulsos mais odiosos que surgem dentro de Olga. Dar espaço a esse sentimento que muitas mulheres viv...